Os testes rápidos para Covid-19 são todos iguais? Saiba qual a sensibilidade e a confiabilidade dos testes
Com o aumento expressivo de infectados pela covid-19 no Brasil, o foco dos governos e especialistas em saúde é buscar formas de conter a disseminação do vírus. Além disso, uma das grandes preocupações é conseguir testes o suficiente para diagnosticar o novo coronavírus na população, o que é fundamental para orientar e conter a pandemia. Mas será que estes testes são todos iguais? Qual a sensibilidade e a confiabilidade dos testes?
Segundo a Mestre em Ciências Farmacêuticas pela USP, biomédica e farmacêutica, Karina Soeiro, fundadora da Apotheka Farmácia de Manipulação, os testes considerados rápidos são aqueles que fornecem resultado dentro de poucos minutos, mas eles não são todos iguais, nem em relação a metodologia e tão pouco quanto a sensibilidade e especificidade, traduzindo na sua eficácia e segurança diagnóstica. “Existem basicamente dois tipos de testes rápidos, aqueles que visam detectar a presença do antígeno (sequência específica de parte do vírus SARS-COV-2), traduzindo em resultado positivo ou negativo, semelhante aos testes de gravidez, ou então o teste sorológico, que serve para identificar a presença de anticorpos no sangue. Uma pequena amostra de sangue retirada do dedo da pessoa é coletada e analisada para identificar os anticorpos IgM/IgG que o organismo produz como defesa ao vírus”, explica Karina.
As farmácias e drogarias por meio da aprovação em 28/04/2020 pela Anvisa, podem realizar testes rápidos para o coronavírus, porém a sensibilidade e especificidade destes testes não são todos iguais e fatores como o armazenamento, indicação da data a partir dos sintomas e metodologia da coleta podem interferir no resultado do exame. De acordo com Karina Soeiro o teste sorológico, apresenta uma alta confiabilidade e são recomendados após o sétimo dia com sintomas do coronavírus, que são principalmente a tosse, febre, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar, ou após o sétimo dia que se teve contato com alguém positivo para covid-19. “Os anticorpos da classe IgM são característicos de fase aguda, são os primeiros a serem produzidos quando o organismo entra em contato com o vírus e apesar de poder ser detectado nos primeiros dias, sua sensibilidade é mais elevada a partir 7º dia do início dos sintomas, um teste realizado antes desse período pode resultar em “falso negativo”. E os anticorpos da classe IgG são responsáveis pela nossa “memória imunológica” e indicam um contato não tão recente com o vírus, a sua elevação ocorre em torno do 14º dia e se mantém reagente a longo prazo, com isso também é possível identificar se a pessoa já teve contato com vírus em algum momento”, explica a farmacêutica.
Além disso, existe uma segunda maneira de uma farmácia ou drogaria colaborar com testes diagnósticos neste momento de pandemia, com um maior controle de qualidade e segurança, fazendo uma parceria com um laboratório de analises clínicas, que fica responsável pela realização de exames com rígido controle de qualidade interno e externo. “A farmácia ou drogaria através de parceria com laboratório de analises clínicas habilitado para a realização de exames “in house” pode oferecer o serviço de coleta após treinamento extensivo com o laboratório parceiro, e graças a utilização da tecnologia artificial e internet, os dados são transmitidos da farmácia ao laboratório, que então analisa os dados e fornece o resultado em laudo assinado por profissionais habilitados e especialistas na realização de exames diagnósticos”, explica Karina.
Segundo a farmacêutica, após a realização dos testes a farmácia orienta a população em relação ao diagnóstico. “Em caso negativo é importante reforçarmos como evitar a contaminação pelo coronavírus, com as medidas de distanciamento e isolamento, uso de máscara e higienização redobrada. Já em caso positivo, a recomendação é procurar os hospitais ou clínicas, para acompanhamento do caso e orientações do paciente”, explica a especialista.